Padrões de Interação e Aprendizagem em Museus de Ciências

SILVA, Douglas Falcão
Padrões de Interação e Aprendizagem em Museus de Ciências
Rio de Janeiro/RJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 1999. 283p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Henrique Lins de Barros).

Resumo A presente pesquisa objetiva contribuir, por meio de um estudo de caráter experimental, para a caracterização de museus de ciências como espaços de educação não-formal. A pesquisa teve como objeto a interação de estudantes com uma exposição sobre o ciclo das estações dos anos e dos dias e das noites. A avaliação foi desenvolvida em três fases distintas: 1) observação do comportamento de 70 estudantes, a fim de estudar o padrão de interação entre estes e a referida exposição; 2) aplicação de questionários antes e após a visita a 152 estudantes; 3) entrevistas cerca de 2 meses após a visita, de 21 estudantes selecionados a partir da análise dos questionários. A observação do comportamento dos estudantes revela que a exploração livre dos elementos expositivos é o tipo de interação mais frequente e o uso por imitação se constitui em um comportamento comum, a leitura além de pouco frequente está concentrada em menos da metade dos estudantes observados (os de maior idade). A comparação entre o primeiro e o segundo questionário dos 152 estudantes mostra que para o fenômeno das estações, 30% deles expressaram mudanças em seus modelos de forma a compatibilizá-los com os modelos científicos, enquanto 22% expressaram o reconhecimento de que seus modelos anteriores à visita eram destoantes em relação ao saber de referência ou passaram a expressar modelos que embora não compatíveis com o modelo científico, se caracterizam por estabelecer relações entre variáveis que expressam o desenvolvimento de uma "racionalização científica". Com relação ao fenômeno dos dias e noites, o nível de compatibilização com os modelos científicos alcançou 33%, enquanto que a racionalização científica e o reconhecimento de modelos não compatíveis como destoantes ao saber de referência alcançou 8%. Observa-se ainda que a estratégia desenvolvida pelo professor(a) para integrar a visita ao contexto escolar é um fator que pode direcionar os efeitos da visita, ao mesmo tempo, verificamos turmas nas quais os professores não desenvolveram nenhuma integração da visita ao contexto escolar e ainda assim a turma evidenciou bons resultados. As entrevistas revelam que as interpretações que os estudantes desenvolvem a partir da interação com os elementos expositivos podem não corresponder às expectativas dos idealizadores, e ainda assim serem pertinentes e criativas do ponto de vista científico. Os modelos que mais contribuíram para compatibilizar os modelos dos estudantes em relação aos modelos científicos são aqueles que despertam curiosidade e/ou introspecção e possibilidade de teste, e que possibilitam ou estimulam o uso compartilhado, independentemente da forma de comunicação, interativa ou contemplativa.
Arquivo PDF document 1999_SILVA_D_UFRJ.pdf — Documento PDF, 11.39 MB