Astronomia e a França Equinocial: contribuições para a utilização da história da ciência em sala de aula

LACERDA, Fabricio Nelson
Astronomia e a França Equinocial: contribuições para a utilização da história da ciência em sala de aula
Rio de Janeiro/RJ, CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECN. CELSO SUCKOW DA FONSECA, CEFET/RJ, 2012. 75p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Maria Renilda Nery Barreto).

Resumo Investigou-se no presente trabalho a relação estabelecida entre o conhecimento astronômico dos índios Tupinambás e a astronomia europeia nos relatos da viagem do padre francês Claude D’abbeville às terras do Maranhão, em 1612. Utiliza-se como fonte para essa investigação os relatos da viagem do referido padre ao Brasil, publicados inicialmente em língua francesa no ano de 1614 e reeditados pelo Governo do Estado do Maranhão em 2002 sob o título de “História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças”. A partir da leitura contextualizada da fonte buscou-se responder às seguintes questões de pesquisa: Que relações o padre Claudio d’Abbeville estabeleceu entre o conhecimento astronômico europeu e a Astronomia dos índios Tupinambás em seu relato da expedição francesa ao Maranhão? Em que medida essas relações estabelecidas na obra do capuchinho estão vinculadas ao projeto francês de colonização do nordeste brasileiro? Partindo de tais questionamentos, pôde-se perceber que Claudio D’abbeville estabelece uma relação de comparação entre esses saberes, no qual o conhecimento do Velho Mundo é usado como referência para a definição da forma e do conteúdo de sua apresentação da Astronomia Tupinambá. Nota-se que as relações estabelecidas pelo capuchinho estavam intimamente vinculadas ao projeto francês de colonização do nordeste brasileiro. Durante a investigação buscou-se conhecer ainda o cenário político, religioso e científico da Europa, de forma geral, e da França em particular, em fins do século XVI e início do século XVII, tentando evidenciar as interseções existentes entre essas três esferas da vida social. Abordou-se também as características da Astronomia europeia desse período identificando na obra estudada a forte presença do modelo geocêntrico de Ptolomeu e Aristóteles. Nenhuma referência é feita à proposição heliocêntrica de Copérnico, mesmo tendo sua ideia sido publicada cerca de cinquenta anos antes da publicação do relato de d’Abbeville. Conclui-se então que, ao reconstruir nesse trabalho as condições de produção, reprodução e apropriação do conhecimento científico no contexto da França Equinocial, acredita-se ter oferecido aos professores uma importante ferramenta para discutir com seus alunos questões relativas à Astronomia do século XVI.