SOUZA, Carlos Alberto Loiola de
Carl Sagan: a exploração e colonização de planetas ficção científica, ciência e divulgação
São Paulo/SP, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, 2006. 80p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Eduardo Rodrigues da Cruz).
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Resumo |
Obras de ficção científica podem, dependendo de como estiverem estruturadas por seus autores, em nosso caso, o astrônomo Carl Sagan, ser usadas como textos de referência em História da Ciência por sua interdisciplinaridade. O caso específico das viagens interplanetárias, pensadas e teorizadas cientificamente e divulgadas sob a linguagem da ficção científica nos livros de Carl Sagan, é o de que se ocupa esta dissertação. Os autores de textos de ficção, como os colegas de Sagan Arthur Charles Clarke e Isaac Asimov, procuram, como acontece com textos teóricos acadêmicos, assim como também eram alguns dos textos de Sagan, fundamentar suas extrapolações em observações cuidadosas de tendências em ação na sociedade e na ciência e desenvolver sua (narração, no caso de Asimov e Clarke) implementação ou divulgação com rigor e consistência. Ou seja, parte da literatura futurística seria um instrumento importante de análise de História da Ciência para que esta possa pensar em propostas alternativas para uma política científica e de ensino científico que tenha um alcance social. Uma espécie de experimento ou exercício imaginário. Em outras palavras, o que aqui se estuda é a relação entre ficção científica e ciência que fale das viagens interplanetárias e como elas estão expressas nas obras de Sagan. Portanto, a dissertação delimita o que, em primeiro lugar, deve-se considerar sobre as viagens interplanetárias, sua disseminação nos anos de 1930 a 1960 e sua divulgação através de dois dos melhores escritores de ficção científica do século XX, que se empenharam em divulgar idéias científicas ou de Astronáutica para uma melhor compreensão da ciência, do papel da ciência e do impacto da ciência e tecnologia numa sociedade com uma velocidade em movimento rápido, mas sem muitos detalhes. Depois, como foi a realização primordial de algumas dessas fantasias realizadas pelo envolvimento de Carl Sagan, inicialmente, com o complexo militar industrial dos Estados Unidos da América durante a Guerra Fria com a URSS e depois pela NASA. E o que se aprendeu, cientificamente, com a exploração de nosso sistema solar e de nossos planetas mais próximos, de maneira que esses resultados da exploração espacial pudessem ser divulgados com a ajuda da literatura de ficção em forma de alerta sobre os problemas que teremos de enfrentar num futuro bem próximo. E, por último, o destino da humanidade imaginado por Sagan numa espécie de manifesto divulgado por ele mesmo em seus principais livros e aqui analisado para que se pudesse manter o paralelismo de conteúdo e tendências entre as obras de ficção e a literatura acadêmica sobre o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e o destino da humanidade e dos indivíduos que a compõem. Isto nos leva a concluir que o estudante de História da Ciência, tendo uma formação inicial ou complementar em humanidades, poderá encontrar na estante de História da Ciência um valioso manifesto para uma reflexão despretensiosa ou para a militância.
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