LEITE, Cristina
Formação do professor de Ciências em Astronomia: uma proposta com enfoque na espacialidade
São Paulo/SP, Universidade de São Paulo, USP, Faculdade de Educação, 2006. 274p. Tese de Doutorado. (Orientador: Yassuko Hosoume).
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Resumo |
Trata-se do desenvolvimento e da avaliação de um curso de formação continuada no tema da Astronomia, dirigido aos professores de Ciências da escola pública de São Paulo. Cerca de treze atividades foram articuladas, levando-se me consideração o desenvolvimento de elementos da espacialidade, como proporções e mudanças de perspectivas. A principal razão desse enfoque está na grande dificuldade dos professores em relação ao que Piaget chama de ‘centração’ ou ‘não coordenação’ de perspectivas, ou seja, um apego ao ponto de vista único e primeiro, com ausência de articulações entre o que eles vêem e aquilo que estudam. Dessa forma, o embate entre as observações primeiras e, algumas vezes, ingênuas dos professores e o conhecimento cientifico em questões fizeram parte de todas as atividades do curso. Algumas das atividades do curso são: debates sobre a forma da Terra e dos demais astros, movimentos da Lua e da Terra na explicação dos fenômenos, a construção em escala das dimensões ‘tempo’ e ‘espaço’ no estudo das proporções e da dinâmica de movimento dos planetas no Sistema Solar, visita a um planetário e estudo de um programa simulador da observação celeste. Também fez parte do curso a discussão sobre o aprendizado dos professores em relação à forma, às proporções e, principalmente, ao estabelecido estabelecimento de conexões entre o todo e a parte, relativas não apenas aos objetivos astronômicos como às relações entre eles através dos fenômenos. Participaram da pesquisa dez professores de Ciências que já tinham ministrado conteúdo de Astronomia no ensino fundamental. Uma construção tridimensional do Universo através de uma maquete, realizada individualmente, foi utilizada como pré-teste. No final do curso, em re-olhar avaliativo de cada professor sobre a sua construção inicial fez parte da avaliação do curso. O material de analise, além dos pré e pós-teste, foram gravações em vídeo das atividades e gravações e áudio das avaliações diárias dos membros da equipe de pesquisadores. Verificamos que os temas que necessitamos de mudanças de perspectivas mais freqüentes foram os mais difíceis de serem compreendidos, como as fases da Lua, em que os movimentos tanto da Lua quanto da Terra nos obrigam a rever constantemente suas posições relativas. Os professores relatam em vários momentos que sua percepção em relação à Terra, à Lua, às estações do ano e às proporções do Sistema Solar melhorou muito e que a natureza tridimensional das atividades foi importante para a compreensão da composição espacial dos astros, tornando a concepção destes mais real e dinâmica para eles. Observamos, pela natureza das reflexões dos professores, que este curso ultrapassou a dimensão do conteúdo, possibilitando a eles re-pensarem a sua prática docente ao tomar consciência das habilidades e das dificuldades inerentes a estufo da Astronomia.
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