LEITE, Cristina
Os professores de ciências e suas formas de pensar a astronomia
São Paulo/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2002. 160p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Yassuko Hosoume).
|
Resumo |
Uma pesquisa sobre o modo de pensar os objetos da Astronomia foi realizada com uma amostra de dezesseis professores de Ciências da rede pública de ensino de São Paulo. A metodologia de tomada de dados consiste de uma sessão em que na primeira parte o professor desenha o céu e/ou Universo e na seguinte realiza uma entrevista semi-estruturada e filmada em vídeo. A articulação dos elementos extraídos da análise dos dados nos permitiu compor as várias visões dos professores sobre os objetos astronômicos. A grande maioria dos professores concebem o Universo contendo: Sol, estrelas, planetas e Luas, onde o Sistema Solar é parte (considerável) do todo e algumas vezes concebem o Universo como o próprio Sistema Solar. Os objetos estão no céu ou no Universo que para muitos se restringe ao espaço que está acima da Terra. Boa parte dos entrevistados concebem a Terra como um objeto plano. Para outros a Terra é esférica, porém com um exagerado achatamento em seus pólos. O Sol, a Lua e as estrelas também foram representados diversas vezes na forma plana. Na explicação dos fenômenos: dia e noite, estações do ano, eclipses e fases da Lua observamos excessiva dificuldade na articulação das respostas. Em relação à Lua compareceram concepções desde a Lua que não gira (fixa na Terra), passando pelo oposto, onde seu movimento de rotação faz com que vejamos todas as suas faces e até a explicação de suas fases como resultado das sombras da Terra sobre a Lua. Já nas estações do ano, alguns confirmaram uma idéia bastante criticada nos livros didáticos: Terra perto do Sol é verão e longe é inverno. Muitos indicam Sol e estrelas como coisas diferentes. Em suas viagens no espaço sideral, eles freqüentemente afirmam que não fariam viagem para o Sol porque ele é muito quente, enquanto para uma estrela eles gostariam de visitar ou ainda não visitariam por ser muito fria. O desconhecimento das características científicas dos objetos que compõem o cosmo não pára aí, alguns nunca ouviram falar no buraco negro! Eles perguntavam: "qual, o buraco na camada de ozônio?" Esses resultados nos deixam bastante apreensivos e indicam a urgência de programas de formação continuada dos professores no conteúdo de astronomia, pois a proposição dos PCN's para o ensino de 5a. a 8a. séries indicam fortemente o ensino desse conteúdo.
|